23.5.12

Conto do Vigário - parte II

Tenho tido muito pouco tempo para postar, então peço desculpas pela demora entre as atualizações do blog.

Quando escrevi sobre o Polo de Decoração de Vigário Geral, muitas fotos que fizemos não "subiram" para o site. Me senti na obrigação de postar mais algumas coisinhas e, como não poderiam faltar, os hits bregas do passeio.

Para quem queria saber o ônibus que pegamos pertinho da saída do metrô de Irajá, foi o 774 Madureira - Jardim América. Passou em cinco minutos.

Tão aí as fotos que faltavam ;)

Olha, eu não sei o que caberia nesses MICRO vasinhos de cerâmica, mas eles são lindos e  o preço,  sem comentários. Deve ser legal colocar uns 10 enfileirados numa janela de banheiro, por exemplo

Me lembro claramente de ver esses baleiros, de vidro reciclado, à venda na Imaginarium. Tem de fusca, kombi e outras formas fofas. Só que em VG custa R$ 12. Na Imaginarium... :)

Para quem acha que só tem coisa "ploc", "fofinha" e "pin-up", não, gente, esse é meu filtro. Tem muitas coisas mais sóbrias, também. O Pedro ficou doido nessas moringas (?). Não me lembro o preço.

Alguns desses porta-bolsas, chaveiros e afins são bem compráveis. 


como essa :) precinhôô


Já falei muito nos pufes, mas é só para o caso de alguém não ter acreditado no preço :)

TOP 3 breguices de Vigário Geral


Ai..


Isso é um telefone. Sem comentários. (abstraiam meu esmalte descascado!)


"Ah, mas sem a pelúcia ficaria até divertido..." "Não."

Típica casinha do subúrbio. Até a volta!

19.5.12

Conto do Vigário



Uma amiga, a Lili, deu a dica, e fiquei a semana inteira ansiosa para hoje chegar. Até então, nunca tinha ouvido falar no Polo de Decoração de Vigário Geral. Sim, a favela de Vigário Geral, no subúrbio da Zona Norte do Rio.

Chamei o Pedro, o mesmo amigo arquiteto que instalou as cortinas aqui de casa, e ele topou desbravar o Polo na hora. Pegamos leve na "night" de sexta e às 7h30 da manhã deste sábado estávamos acordados em nome do dever: eu, apurar e ele, fotografar para este post.

Às 9h, nos encontramos no metrô do Estácio e pegamos a Linha 2 até a estação de Irajá. Daí, pegamos um ônibus, o 774 Madureira - Jardim América e, em menos de meia hora, estávamos na Rua Isidro Rocha, a poucos metros da Avenida Brasil. Dá uma olhada no mapinha do Google. É realmente colado na Brasil.


Vigário Geral

Se você nunca foi a Vigário Geral e só conhece o lugar pela chacina que aconteceu lá em 1993 ou pelos funks de Claudinho e Buchecha, desarme seu preconceito. A chacina já tem quase 20 anos e todo mundo com quem falei do polo só lembrou dela. Que estigma..

Mas é claro, também tenho preconceitos. Sempre que ouço o termo "favela" já penso num morro, parecido com o Alemão, ou o Turano, meu vizinho, com casas de tijolos aparentes e chão de terra, mas a verdade é que existem muitas favelas planas e com casas de alvenaria e asfaltadas, algo muito parecido com vários bairros do subúrbio.
Vale lembrar que VG é o berço do AfroReggae, importante movimento afirmativo das favelas cariocas.

O fato de o polo ficar numa favela na verdade só tornou o atendimento e o público mais calorosos, simpáticos e divertidos (como o Pedro observou, "fazia tempo que eu não via um sorriso tão bonito e espontâneo no comércio"). No quesito atendimento, dez a zero nos bairros de classe média, sem demagogia.

Las cosas

Quem está esperando um post bem apurado... esqueça. Quando cheguei lá fiquei igual a criança em loja de brinquedos. Esqueci de anotar o nome das lojas, a quantidade, de onde era cada produto. É por isso que eu tenho um blog zoado, e não uma publicação importante e chata de decoração :) Is all about fun!

O que importa saber, se você não mora perto, é que é relativamente simples de chegar no local, de carro ou metrô + ônibus. E, como no sábado as lojas começam a fechar às 13h, A boa é chegar por volta das 10h, no máximo 11h. Há menos lojas que na Saara, mas algumas são galpões enormes.

O que tem? Desembucha!

T-U-D-O.
O que você pensar relacionado a decoração doméstica existe em Vigário Geral. Móveis delicados de madeira, mesas de vidro, vidros mil (taças, vasos, jarros, baleiros), pufes a partir de DEZ reais (e uns enooormes com baús a R$ 70, por exemplo), tudo para a cozinha (tudo), mimos para decoração, lustres, abajures, almofadas/colchas/edredons, relógios, telefones, porcelana/cerâmica, tapetes, capachos, coisas de MDF (de medium density fiberboard) no "osso" para pintar e customizar, material para jardinagem, ferramentas, extensões, varões de cortinas, varais, lâmpadas... UFA! Acho que já deu para entender. Bem que a Lili avisou: não dá para voltar de lá de mãos vazias. 

Antes que alguém siga a dica e venha brigar comigo porque achou tudo feio e brega, um aviso: peneira de garimpo na mão e muita disposição para relevar breguices. Aliás, esse é um dos aspectos mais divertidos do passeio: as bizarrices, o kitsch e o "brega mermo". Vi alguns blogs de decoração dizendo que o polo é "decepcionante" e que tudo tem "cara de R$ 1,99". A arte de garimpar não é para todos! ;)




Metrozão pertinho, deixa de ser garotinho juvenil criado a leitinho-com-pêra
Logo na entrada da rua, pufes a R$10, R$ 16 e R$ 25. Comprei um vermelho de R$ 25 e ainda não acredito no preço
Na mesma loja dos pufes na frente, olha que MIMO esse gaveteirozinho com puxador de rosa! R$ 70 o.O


100% subúrbio carioca
Isso era enorme, do tamanho de um melão. Kitsch e muito divertido para a cozinha, a R$ 7,20


Vasinhos e baldinhos de metal esmaltados para flores ou qualquer outra buginganga. Comprei dois a R$ 3,80 cada. Minha mãe tem um igual, que custou R$ 12 no "asfalto".



Olha que fofo esses cofrinhos de cupcake! Bom para presentear mocinhas elegantes

Morremos de rir dos avisos "diretos" nas lojas. Um outro dizia "Quebrou, considere seu!". Mais carioca, impossível.
Canecas fofíssimas por, em média, R$ 6

Descansos de panela interessantes. Esses não eram baratíssimos, devem ser de um bom material. Em média, R$ 40
Clássico do kitsch! No cenário de A grande família tem uma. Acho lindo. E o precinho?
Para quem curte jardinagem, muita coisa. Só não me pergunte para quê serve isso. Parecia uma arma :P
Varões de cortina (tinha de outras cores também) a R$ 7. E eu achando que tinha feito o negócio do século pagando R$ 14 na Usina :)
E o que dizer desse varal de teto, com o mesmo tamanho que o meu e exatamente metade (R$ 35) do preço? ¬¬
Vasos (grandes) muito fofos de cerâmica esmaltada

Breguinha, mas não lebra o Millu do Tintin? o Pedro é que notou a semelhança. R$ 22
Prateleirinhas super úteis e baratas (R$ 17,70, R$ 25,40, R$ 26,35)







O destaque no tamanho da foto é proposital: essas foram as coisas mais lindas do dia. Sempre amei luzinhas meio pisca-pisca, meio camarim. Lembro de ver uma revista ensinando a fazer com luzes de Natal e bolinhas de pingue-pongue, mas uma bolinha sai a R$ 3, por aí. Esses fios têm bem mais que 10 bolinhas e custavam R$ 50. Achei justo. Numa Imaginarium da vida, certamente não custaria menos de R$ 100. Essa é uma das coisas que vão me fazer voltar a VG.


Essa é a Rua Isidro Rocha. Tranquilíssima durante o dia.
 Bom, é isso. Agora que já sabem o caminho, aproveitem e divulguem o polo! Vale a pena conhecer!


13.5.12

Voltando à casa da vó

Dominguinho gostoso na casa da mãe (ou não!), chuvinha beijando o Rio de Janeiro... hoje é dia de ficar em casa.
Tenho recebido sugestões de links de vários amigos e andei conferindo todos nos últimos dias. O que me chamou a atenção é que todos eles parecem buscar um aconchego, um gosto por cuidar da casa (e do tempo que se passa nela) que acho que as gerações 70, 80 e 90 deixaram um pouco de lado, achando meio "careta".
Talvez com razão: era preciso explorar a rua, a vida noturna, homens e mulheres. Nessas décadas as metrópoles explodiram, se modernizaram, e as opções de lazer fora de casa, também. O "bacana", o "chocante" e o "demais" nessas décadas era explorar a rua.
Mas o mundo é assim, quase tudo vai e volta, em ciclos. Um exemplo disso é que minha geração adora as pin-ups (opa! olha meu layout aí) e decoração "vintage" ou "retrô".
É saudade daquele climinha da casa da vó, vontade de resgatar algum calor que as casas foram perdendo ao longo do século 20. Até os anos 90 pegava bem dizer "ai, cara, não sei nem fritar um ovo". Agora o "it" é fazer o que já foi deixado pra trás por tanta gente: cozinhar, costurar, fazer artesanato, decorar a casa com carinho.
Que bom :)

Então vamos a alguns links ótimos sobre tudo relacionado a UDUs.


Gula

Apê.ritivos
Soube desse canal no Youtube por uma matéria fofa da Revista TPM. São dois amigos que moravam no interior e se mudaram para São Paulo (capital) há alguns anos e estranharam bastante no começo. Hoje moram sozinhos. Quem me conhece pode imaginar que me identifiquei na hora. (Menos com a cozinhha americana linda deles). Os dois fazem comidinhas simples e rápidas para quem mora sozinho. Ah, sim, eles parecem ter grana, mas as receitas não tem afetação: gente diferenciada tabém pode.

Ponto fraco: Achei que podia ter mais detalhes e medidas das receitas.
Ponto forte: Gostei do clima despretencioso que.. modéstia à parte... é marca registrada do interior ;)

 Na minha panela
Aqui as receitas são um pouco mais elaboradas. Senti falta de um "sobre nós" para entender quem são os autores. Pelo que entendi, são marido e mulher e moram em Recife. Há muito mais postagens nesse blog.

Ponto fraco: É mais uma crítica de jornalista do que de dona de casa: acho que faltou uma descrição do blog e seus autores.
Ponto forte: As receitas são bem detalhadas.

Para não me estender muito no tema, nesse estilo tem o Panelaterapia, que é mais profissa, escrito por uma psicóloga chamada Tatiana e o Panelinha (aliás, tem outras coisas além de panela numa cozinha né, gente? cadê a criatividade?),  cuja autora eu espero que meu namorado (que nem existe) nunca conheça, porque além de ser linda cozinha super bem (é formada em gastronomia nos EUA). E além de tudo pelo visto ela sabe evitar a TPM com comida. Sai pra lá.

Vaidade

Não sei como é com os homens, mas a diferença entre uma mulher que mora com os pais e uma que tem seu cantinho é que todo o dinheiro que ela pensa em gastar com roupas e sapatos, da noite pro dia, estranhamente, passa a ser destinado a comprar coisas como porta-retratos, almofadas e molduras para quadros. As roupas ficam tão relegadas a segundo plano quanto as Barbies na adolescência. E a gente achava que isso nunca iria acontecer de  novo.

Casa de Filó
Blog sobre decoração que fala sobre tendências e ambientes. A autora também dá consultoria de decoração de interiores e reformas. Bom para ter ideias.

Casa de Valentina
Loja online com mil coisas para decoração com excelente gosto. Não vou falar muito. Só olhem isso e depois isso. Ah, gente! Pulp Fofos! :D

Collector
Uma ex-colega do Colégio Novo, em Volta Redonda, sempre teve bom gosto pra tudo. Ela fez o curso de arte da minha mãe e nessa convivência já dava pra sacar que tinha uma cabeça interessante e gosto alternativo e estético. Essas pessoas marcam porque no interior são meio raras, por mil motivos provincianos. Bom, hoje ela trabalha no Collector, uma loja online de decoração com coisas incríveis de vários cantos do mundo. Ponto fraco: é bem carinho. Mas já sabe: ótimo pra ter ideias. O lema da decoração é: se você não pode comprar, copie! rs

Gecko adesivos de parede
Vááários estilos de adesivos pra dar charme à casa. Estou pensando em pôr um no armarinho do meu corredor (a porta branca pede). Você pode se inspirar e fazer alguma coisa com contact, que se vende em qualquer papelaria. É bem fácil.

Meninos
Essa loja online é super moderninha e estilosa. Apesar do nome, é gringa, mas também vende para o Brasil. Adorei especialmente os porta-copos!

Papel de parede dos anos 70
Autoexplicativo. Depois da onda, nos anos 90 e 2000, de pintar uma parede do quarto ou da sala de uma cor forte, o papel de parede voltou a ser tendência. Tem um mais lindo que o outro! Mas, como a loja é gringa, tem que ter cartão internacional pra comprar  e, pra variar, nem é barato... mas o efeito...

Avareza

Carolina Augusta Home & Lifestyle
Chegamos ao ponto alto do post: esse site é a versão ryca do meu. Isto é, ele se propõe falar de várias coisas relacionadas a casa: culinária, decoração, "lifestyle". Só que, né? É o blog da Carolina Ferraz e da amiga dela, Helena Augusta (coisa phyna! a pessoa já nasce ryca com um nome desses). Linkei mais por diversão, porque esse blog é meio Marie Claire demais pro meu gosto. Mas... o lance das ideias... já sabe ;)

10.5.12

Começando

[Este foi o primeiro post que escrevi para o blog, mas depois acabei achando muito longo, meio over para me apresentar. Eis que então hoje um amigo me pede opiniões sobre mudança. Foi minha deixa.]


Sair da casa dos pais é um rito de passagem muito, muito importante. É sua passagem sem volta para a vida adulta. É claro que é difícil, é cortar o cordão umbilical pela segunda (e definitiva) vez. Além disso, morar só no começo é muito, muito estranho. Para mim, ao menos, foi. Confesso que nos primeiros meses dei uma pirada. Você passa a conviver muito consigo, é uma convivência reveladora (e, às vezes, assustadora). Mas, passada a tensão, é difícil se imaginar em outra vida. E se você está pensando em encarar essa nova fase, não sei como você é, como lida com a vida e o mundo, mas uma coisa eu garanto: você vai crescer.

O lugar

Quem mora em uma metrópole geralmente têm vários problemas para encontrar um lugar para chamar de seu: os preços abusivos de aluguel, a necessidade de um fiador, o estado do apartamento, a necessidade de um espaço minimamente confortável sem pagar muito por isso, a segurança, a localização. E ainda tem que correr para um desgraçado não chegar à imobiliária com a papelada completa antes de você.

Passei nada menos que cinco meses procurando um apê tranquilo. Vi muita coisa caindo aos pedaços com preços subindo às alturas. Cheguei a ficar triste depois de ver uns conjugados tenebrosos mais caros que meu quarto e sala atual. Achei que meu futuro fosse morar num cortiço.
Ser dura já restringiu minha busca: eu podia ter um conjugado ou um quarto-e-sala. Também não tinha como bancar o custo de vida na Zona Sul do Rio (mas nem os europeus tão podendo, né? então beleza). Quanto a isso, tudo bem: eu já morava na Tijuca, bairro que amo, e não precisava de mais espaço que um quarto e sala.
Com meu pai como fiador, alugar foi relativamente fácil e rápido.

O aluguel


Algumas dicas que me deram e outras que eu queria que me dessem na época em que aluguei minha UDU:

Acompanhe diariamente os classificados dos jornais da sua cidade, especialmente no domingo e na segunda-feira, quando os novos anúncios são publicados. Não seja preguiçoso, olhe todos e ligue para todos que parecerem interessantes. Se você é mulher ou gay, esse é seu momento Madonna em "Procura-se Susan desesperadamente". Pegue seu lápis de olho e faça coraçõezinhos nos melhores anúncios. Mentira, você nem vai ter cabeça pra isso.

Você sempre quis fazer isso, que eu sei

Se você não tiver acesso ou não puder comprar os jornais todos os dias, procure sites de anúncios, como o Zap. Foi lá que encontrei  o meu, aliás. A vantagem dos sites é que mostram várias imagens das casas e trazem mais detalhes. Não, isso não é um post pago. Até porque eu ainda sou uma ninguém na blogosfera.

Ainda assim, se preferir, existe a opção de andar pelas ruas dos bairros em que você moraria e deixar seu telefone com porteiros, pedindo para avisarem caso vague algum ap. Não tive tempo para essa peregrinação, mas muita gente consegue assim. Alguns oferecem comissão para porteiros que avisarem sobre aps vagos.

Quem não tem um fiador (que pode ser um parente ou um amigo muito próximo), pode optar pelo cheque-caução, geralmente o triplo do valor do aluguel. Foda, mas é a saída pra muita gente.

Se precisar ir pela manhã ou no meio da tarde olhar ap, das duas uma: 1.peça para uma pessoa confiável como sua mãe ou um amigo de bom gosto que estiver livre ir olhar o ap ou 2.se seu chefe for legal (o meu era, muito), explique a situação e peça a compreensão dele para ir olhar o ap e chegar um pouquinho mais tarde ou sair mais cedo. Se precisar, trabalhe uma hora a mais, vale a pena. Particularmente acho que nada substitui entrar você mesmo e sentir o clima da casa. Mas tem gente que não liga tanto e manda alguém na boa.

Já no local, uma questão super importante é a segurança: evite aps no primeiro ou segundo andar, mais acessíveis a roubos. Se o prédio não tiver porteiro, essa dica vale ainda mais. Preste atenção se perto das suas janelas existe uma árvore, um muro ou algo que poderia facilitar o acesso do ladrão. Se sua cidade é violenta, como a minha, não recomendo casa baixa. Apesar de ser ótimo para ter cachorros e pra fazer um churrasquinho, é muito perigoso e fácil de invadir. Evite.

É lei: prédios de até quatro andares podem ter só escadas. Isso, aliás, barateia bastante o condomínio. Mas pense bem em questões como carregar compras de supermercado ou subir e descer gripado quatro andares. Por outro lado, escadas emagrecem e dão um bom fôlego. Palavra de quem mora no 4º andar ;)

Repare bem na conservação do prédio em geral: pintura, limpeza, se há infiltrações. Nessas horas costumamos ficar empolgados com a possibilidade de achar um lugar e às vezes deletamos alguns problemas. Se ligue.

Conhecendo o apartamento, não tenha vergonha de ser muito chato: acenda e apague todas as lâmpadas, dê a descarga nos vasos, ligue o chuveiro e veja se esquenta, abra e feche todas as portas e janelas, cheque pias, pintura, ventiladores de teto, piso. Se com tudo isso funcionando você ainda vai ter muitos problemas, imagine sem...

Prefira ir de dia, para ver se a claridade é legal. Quanto mais claro, melhor, sempre.

Pense em questões de logística: a rua tem fácil acesso? Tem ônibus, metrô ou táxi por perto? É fácil ir para o centro da cidade e para outras áreas de lá? Tem bar perto?

Antes de assinar o contrato, LEIA a porra toda. Brasileiro odeia ler bula, manual, termo de uso. Mas a meia hora que você vai perder lendo todo o contrato pode te poupar muitas horas de estresse e bateção de boca. É bom pra conhecer seus direitos também. Anote, por exemplo, a data em que você pode sair sem pagar multas. Caso precise se mudar, essa será a melhor hora.

Chaves na mão: troque todos os tambores das trancas do ap. Se não tiver trincos, instale. Se não tiver olho mágico, providencie um.

Para a mudança, escolha um frete indicado por alguém. Serviços toscos podem arranhar ou quebrar seus móveis e sumir com suas coisas. Para montar móveis, peça ajuda de amigos ou parentes.

Se você nunca morou sozinho, faça um chá de panela. Vai ajudar muito. Estamos no século 21, isso vale para homens, também.

Antes de se mudar, faça as contas, veja se vale a pena, para não cair nos problemas do post anterior logo no primeiro mês de casa nova. Mas quer saber? Quando é a hora, é a hora. A gente sente que é e vai ;)

Ah, sim: welcome to the jungle.

7.5.12

Eis a que$tão


Nunca fui muito boa para lidar com dinheiro. Pronto, falei.
Desde pequena gostava de gastar logo todo o dinheiro que ganhasse. Lá em casa nunca ganhamos mesada, o que até acho interessante, (sempre achei estranho criança cheia de dinheiro na mão para gastar com bobagem), mas conseguia um dinheirinho lavando louça quando tinha feijoada na casa da minha avó (eram 11 tios, contando com meu pai, só para ter ideia da "gravidade" da louça) ou, mais tarde, passando a roupa da minha casa. Quando criança, gastava tudo em uma papelaria muito bonitinha do meu bairro em Volta Redonda, aonde ia com minha irmã. A gente chamava de "Armazém".  O Armazém era um verdadeiro ralo para nosso escasso dinheirinho infantil.



Nosso maior investimento eram as canetas Signo, que tinham uma cartela quase infinita de cores. Quem foi criança ou adolescente nos anos 90 certamente se lembra desse vício.

Mais tarde, com a função remunerada de passadeira da casa (que me ensinou a passar muito bem, modéstia à parte huhuhu), comecei a ter alguma noção de economia. Juntando o dinheirinho de cada semana, conseguia comprar roupas, sair à noite, ir ao cinema... no auge, consegui pagar meu primeiro par de lentes de grau, sonho de toda criança que odeia usar óculos.

Mas poucas vezes na vida consegui somar quantias relevantes, fazer poupança. Dinheiro sempre teve facilidade para sumir da minha mão (alô análise do discurso: como culpar o dinheiro).

Em 2010 resolvi sair da casa dos meus pais. Estava no meu primeiro emprego e ganhava pouco, mas não tinha gastos fixos, fora a mensalidade da academia. Atenção: se é o seu caso, esse é o melhor momento na vida para juntar dinheiro  seja para a mudança, seja para viagens, cursos ou qualquer outro plano mais caro.

Pois bem, fiz uma poupança reservando exatamente um terço do meu salário todo mês, por vários meses. O restante eu usava com transporte e cerveja lazer. Com essa poupança consegui financiar minha mudança (que teve várias fases, vários dias, passando por vários endereços), e, mais tarde, comprar meu computador. Depois dividi a casa por sete meses (seis meses com uma pessoa, um com outra).

Mas quando passei a morar realmente sozinha... xi...

Planilha

Quando comecei a me enrolar de verdade com as contas (eu sempre paguei contas em dia, mas a minha sofria), comecei a conversar com amigos sobre isso. Descobri que um deles faz um blog justamente voltado para a minha faixa etária, novos adultos, e para minha classe social: fo classe média baixa. O Leandro foi a segunda pessoa a me falar na planilha de gastos.

Sempre questionei os efeitos da planilha, especialmente quando JÁ se está no vermelho. Administrar uma conta saudável é simples, mas que diferença faria ter uma planilha com a conta negativa? Era o que eu pensava. O que eu não sabia é que a planilha de gastos tem um efeito que vai muito além do cálculo. A planilha é moralizadora. Isso significa que ela te julga. Sim, a sua planilha de gastos tem personalidade, e ela é . É importante que seja assim, porque só assim você irá titubear antes de fazer gastos fúteis.

Classificação

Para aumentar o poder moralizador da minha planilha de gastos, resolvi criar códigos para cada tipo de gasto. Assim, há os gastos que assinalo com "O", de obrigatórios. São as coisas que não posso evitar comprar. Isso inclui transporte, compras de supermercado, contas de telefone, luz, gás, aluguel e alguns remédios. O código "N", de necessário, serve para gastos que eu até poderia evitar, mas são muito importantes. Por exemplo: visitar um parente em um hospital (passagens, comida), comprar um presente para o aniversário da mãe ou do pai, lanches na rua (que poderiam ser feitos em casa, num momento de economia). Aí vem a parte divertida: os gastos "F", de fúteis e "L", de luxo. Fútil todo mundo sabe o que é, aquela coisa gostosa de comprar, tipo um vestido, um CD, uma caixa de chocolates, mas sem a qual você passaria facilmente. E "luxo" eu considero todas as futilidades que saem realmente caro. Por exemplo: uma viagem, uma bota cara, um Play Station, um vinho... ou mesmo coisas mais baratas mas que são mais fúteis que as coisas fúteis.

Por favor: tudo isso levando em conta, é claro, que a pessoa está com problemas financeiros. Numa conta saudável, um salário gordo, tudo isso é mais que bem-vindo. Ninguém aqui está falando que ser rico não é legal.

O que acontece é que quando se é obrigado a anotar todas as noites o que você gastou durante o dia, você passa a gastar durante o dia pensando que vai precisar anotar todos aqueles "efes" e "eles". E você começa a se policiar. Até que seus problemas sejam sanados, essa chatice é necessária, e pode ensinar muito a lidar com futuros perrengues, como perder o emprego, por exemplo, e precisar tocar a vida. Se pensarmos uma situação extrema dessa com filhos, por exemplo, o problema passa a ser um desastre. Daqueles que fazem qualquer um virar insone crônico.

Esses dias, o Jornal da Globo veiculou uma matéria sobre o tema e disponibilizou um modelo de planilha que ajuda a detectar, ainda, quanto do seu salário você realmente pode botar pra jogo. É um arquivo em Excel bem simples e prático de usar.


Dica: Precisando pegar um empréstimo de médio a grande porte, se puder recorrer a amigos bem próximos (o suficiente para ninguém ficar constrangido com o pedido) ou parentes como pais ou irmãos, prefira. Os juros do banco podem se transformar numa dor de cabeça à parte, e ainda maior.


Sua casa é um curso de gestão

Para concluir, como adoro um link, outro dia li um texto bem simpático sugerindo que, antes de abrir um negócio (o que se faz cada vez mais cedo), as pessoas saiam da asa dos pais e tenham sua própria casa para administrar (o que se faz cada vez mais tarde).

Não fecho questão em relação à idade de sair da casa dos pais, é questão de foro íntimo, mas confesso que acho um tanto quanto bizarro passar dos 30 vivendo a lógica e as regras de outros adultos. O post tem lá sua verdade.


6.5.12

Agora sim, cara de casa

Sempre que digo que moro sozinha tem alguém para emendar "ai, morar sozinho é muito bom... fazer tudo do seu jeito, andar sem roupa pela casa..." e há nove meses respondo "ah, isso eu não posso ainda". Até ontem!

Meu apê é voltado para dentro do prédio (não é de fundos, é de "meios"... deve haver um nome técnico pra isso, mas deu pra entender). Não tenho vista, a vista da minha sala é a área de serviço de uma vizinha e, a do quarto, o quarto e a sala de um vizinho. Aliás, a primeira vez que o vi eu estava secando o cabelo no banheiro. Hum, não é legal.

Ao menos os dois são velhinhos (meu prédio praticamente só tem coroas, o que no fim das contas acaba sendo mais tranquilo, apesar da trilha sonora cafona). Então o problema do voyeur tarado eu nunca tive. Eu acho.

Já nos primeiros dias minha mãe teve a ideia de sapecar umas cangas como cortinas improvisadas e até ficou bem divertido e colorido, mas depois de uns meses comecei a ficar cansada daquilo. Cangas são translúcidas, ainda não podia "walk around naked on my living room", como a Alanis recomendou.
E cangas são leves. Era só ligar os ventiladores de teto para perder a privacidade.
Isso sem contar que eu tinha que pegar uma cortina sempre que queria ir à praia.
Não é bonito nem prático.
Em resumo, um saco.

No meu aniversário do ano passado vovô me presenteou com duas cortinas muito fofas, rusticazinhas, de algodão mas, com todos os gastos da casa, fui adiando a instalação. Em março fui com minha irmã Maíra a uma loja na Usina (Tijuca) que se gaba de ser a mais barata do ramo de cortinas no Rio, para comprar os varões. Quem sou eu para discordar: cada varão, já com as peças de instalação saiu pela bagatela de R$ 12. Aliás, a loja se chama Roana Decorações e fica na Conde de Bonfim, 879. Quem é dos meus e acha que chique é economizar, vai gostar.

Então eu já tinha tudo de que precisava, mas não sabia instalar. Sei que este é um blog sobre aventuras e desventuras, mas subir em uma escada com furadeira é aventura demais para mim. Aí fiquei pensando em quem poderia me ajudar e lembrei de um amigão arquiteto (através da minha irmã conheci um universo de arquitetos!) que é um cara ímpar e poderia me ajudar.

O Pedro topou e ontem instalou as duas cortinas, com direito a desenho das janelas e técnica aristotélica da mangueirinha para medir altura dos furos. Ah, gente, desculpa, um arquiteto instalou a minha cortina!! Pra quem não podia pagar nem um faz-tudo, acho que me dei bem ;)

Sala antes, república de universitários

Sala depois, com cara de CASAAA!
Hoje acordei igual a criança que ganha presentes no Natal e acorda cedo para brincar com eles.

Falando em obrinhas e obronas, fuçando na internet encontrei um blog bacana com várias dicas para quem está reformando a casa, olha aí.




4.5.12

Hoje é dia de links

No Twitter, sexta-feira é o dia do #FF, ou seja, follow friday. São indicações de outros perfis do Twitter interessantes para seguir. Inspirada no #FF, resolvi listar alguns links indispensáveis para quem está começando a morar sozinho ou já mora há algum tempo.

Para começar, nesta semana nasceu o Meu mundo entre paredes, blog da minha querida amiga e contemporânea de jornalismo na UFF, Larissa Abbud. A Larissa sempre teve muito bom gosto para tudo, de roupas a comidas (as festinhas com comidas árabes na casa dela são inesquecíveis), e agora resolveu fazer um blog sobre o que está inventando no apê dela. Como o imóvel é mesmo dela, a Larissa ainda pode falar, além de decoração, sobre obras e ideias pra melhorar a estrutura da casa em si (eu já não pretendo dar esse gostinho pro Seu Élvio, o proprietário). Pra começar já tem um corredor todo recoberto por colagens e um toque fofo, simples e super barato que ela deu no quarto dela. Ah, sim, como ela também é jornalista em início de carreira, podem esperar ideias bem acessíveis por aí ;).

Casa de Colorir

Há muitos blogs e sites sobre decoração pela rede, mas esse é meu preferido. A autora, a publicitária Thalita Carvalho, não é designer nem artesã, mas bota a mão na massa e customiza tudo na casa dela com muito bom gosto. Minha única ressalva é que tudo é lindo mas, tudo junto faz uma casa um pouco impessoal. Fica tudo tão lindo e cheio de cor e significado e ideias que acho que deve ser um pouco sufocante. A casa dela, em resumo, parece uma lojinha de artesanato e decoração de Santa Teresa. Mas é ótimo para se inspirar e roubar ideias.

Guia para a sobrevivência do homem na cozinha

Apesar de ter um nome meio "Clube do Bolinha", esse blog, que me apresentaram hoje, é escrito por uma mulher. A jornalista Alessandra Porro lançou um livro homônimo em 1998 e 11 anos depois resolveu postar o conteúdo num blog. São receitas simples e bem mastigadas para quem não tem a menor intimidade com a cozinha (algo parecido com o excelente Larica Total).

Aliás, ainda não pude explorar meu lado chef porque meu forno está com problemas. Não vejo a hora de resolver isso e fazer vários bolos, empadão, frango ao molho de laranja, torta de limão... hummm

Outros blogs que podem inspirar a decoração são o Dcoração e o gringo Design sponge.

E você, tem alguma dica de link útil pra quem mora sozinho?

3.5.12

Esverdeando

Dizem que quem pensa em ter filhos deve, antes, experimentar criar um cachorro – que, por sua vez, dá mais trabalho que um gato.

Não posso ter um cachorro, sou contra cães em apertamentos. É, fui criada em um quintal enorme lá no interiô e sei como cães são mais felizes assim. Cachorros de apartamento são sempre meio neuróticos. Mas penso em ter, muito em breve, um gato. Gatos já são estranhos por natureza.

Antes de ter bichos, porém, recomendo ter plantas. Plantas são lindas.
É clichê, mas é isso aí: enchem a casa de beleza, alegria e – curioso  de calor humano.
Mas é preciso considerar algumas coisas antes de comprar uma planta.

Plantas com terra e vasinho são uma ilusão enorme. Elas têm cara de que vão viver mais, têm todo um porte de que vão durar, mas morrem e te deixam meio triste. Quando eu era criança, não conseguia entender o amor que minha mãe tinha por plantas. Eram tratadas como bichos, com muito carinho e zelo (aliás, ela preferia plantas a bichos). Não conseguia entender um ser sem sentimentos ser tratado daquele jeito.
Mas hoje acho que entendi. Ganhei uma plantinha suculenta, dessas que precisam de pouca água. Isso ficou na minha cabeça: regar pouco. Levei ao pé da letra e hoje a bicha parecia o cabelo do Cebolinha: uma folha em pé e as outras todas caídas. Tentei molhar e levar o vaso para uma área mais clara, mas as folhas foram se soltando no caminho. Fiquei triste. Eu havia matado minha plantinha. Temi pelo meu gato, que dirá pelos meus filhos.

Plantas parceiras

Por outro lado, algumas plantas vão te encher de inspiração maternal (ou paternal). Quase independentes, farão você achar que pode, sim, cuidar de um ser vivo sem isso significar uma ameaça. Entre as plantas que sobrevivem aos seus lapsos de memória estão a jiboia, que pede pouca água e é bem bonita; a palmeirinha (OK, deve haver um nome melhor, mas todo mundo visualizou), que é bastante rústica e pode ser colocada em alguma área externa para pegar sol e chuva; a ficus, aquela arvorezinha fofa, que pede um vaso maior; e a comigo-ninguém-pode, que só não é recomendável para quem tem crianças e bichos, por ter seiva venenosa.
O que eu acho bacana em relação às plantas são as surpresas. Algumas atraem abelhas simpáticas pra dentro de casa, por exemplo. Outro dia fui regar minha palmeirinha e encontrei um cogumelo na terra. Nem sei se isso é bom ou ruim para a planta, mas curti.

Flores

Crisântemo-bola
Nada deixa uma casa mais charmosa e com mais vida do que flores. Existe uma noção bem boba de que flor é algo "feminino", mas esse estereótipo é descartável. Ainda não aconteceu comigo, mas gostaria bastante de entrar numa casa masculina com vários vasos de flores. Ter flores bonitas e bem cuidadas demonstra harmonia, senso estético e sensibilidade. E, no caso dos homens, demonstra também que o cara está defecando e perambulando para rótulos bobos (fica a dica, meninos).

Mas algumas flores também podem chatear mais do que agradar. É o caso da gérbera e da rosa, que duram, no vaso com água, no máximo três dias. As minhas preferidas são o crisântemo-bola (foto), que parece um origami e ainda vive facilmente uma semana fora da terra; e o lírio, que além de ser lindíssimo e durar uns cinco dias, perfuma demais o lugar.

As flores plantadas, como violetas, kalanchoes e afins, me decepcionam mais. Têm aquele ar de promessa e não raro duram no máximo duas semanas. Se é para durar pouco, prefiro flores mais bonitas e efêmeras.

Flores artificiais, para mim, estão fora de questão. Acho que são o maior atestado de mau gosto que alguém pode passar em uma casa. Não quer ter trabalho? Compre uma almofada.

Dica: outro dia vi uma solução bem bacana para quem não tem espaço para vasos. E não, não era um monte de garrafa pet cortada colocada na parede fazendo um "jardim vertical". Vamos combinar que isso com o tempo deve ficar feio pra diabo. É bem melhor, olha só. Nesse site é caro, mas deve haver mais baratos e daqui a pouco aparece em loja de R$ 1,99.



1.5.12

Baseado em fatos reais

Você pode se considerar uma dona de casa quando se pega tendo pensamentos dessa natureza:

"Poxa, essas manchas não saem da blusa... já esfreguei na mão, usei Vanish... o jeito seria quarar ao sol, com sabão de coco... mas nessa casa não bate sol.. não na hora em que eu estou... e se eu levasse pra praia?"